domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pacientes “vegetativos” podem ter consciência

Pacientes “vegetativos” podem ter consciência

Hilary White
3 de fevereiro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Um novo estudo revelou que pacientes julgados estarem em estado “vegetativo” ainda têm função cerebral e podem até mesmo se comunicar em alguns casos. Publicado na Revista de Medicina da Nova Inglaterra, o estudo examinou 54 pacientes com “desordens de consciência” e avaliou sua “capacidade de gerar reações deliberadas” durante duas “tarefas estabelecidas de imagens mentais”.
Cinco dos pacientes puderam “deliberadamente modular” sua atividade cerebral e três desses exibiram “algum sinal de consciência”. Um dos cinco pôde comunicar respostas de sim ou não a perguntas simples.
Esses resultados, disseram os pesquisadores, indicaram que alguns pacientes diagnosticados como vegetativos podem ter alguma medida de “consciência preservada”.
Os pesquisadores concluíram “que uma pequena proporção de pacientes em estado vegetativo ou minimamente conscientes tem atividade cerebral que reflete alguma consciência e percepção”.
“Cuidadoso exame clínico resultará em reclassificação do estado de consciência em alguns desses pacientes. Essa técnica poderá ser útil para estabelecer comunicação básica com pacientes que parecem não reagir”.
A pesquisa, dirigida pelo Dr. Martin M. Monti, da Unidade de Ciência Cerebral e Cognitiva do Conselho de Pesquisa Médica em Cambridge, Inglaterra, também alertou sobre os elevados índices de diagnósticos errados, até 40 por cento, em casos de pacientes em “estado minimamente consciente”.
O relatório observou que “reação intencional a estímulos” é crucial na hora de avaliar pacientes em “estado vegetativo” e tem “implicações para subseqüente assistência e reabilitação, bem como para tomada de decisões legais é éticas”. Em jurisdições que permitem a remoção de órgãos de pacientes julgados com “morte cerebral”, tal tomada de decisão é uma questão de vida e morte.
“Ficamos perplexos quando aconteceu isso”, Monti disse para o jornal The New York Times. “Acho literalmente estupendo. Esse era um paciente que críamos estava em estado vegetativo havia cinco anos”.
Bobby Schindler, irmão de Terri Schiavo, que morreu depois que a sonda de alimentação dela foi removida sob ordens de seu marido, respondeu às descobertas do estudo, dizendo que ele desejava que tal tecnologia estivesse disponível para sua irmã.
“É perturbante para mim quando vejo esse tipo de pesquisa”, Schindler disse. “Estávamos tentando conseguir esses tipos de testes para Terri, mas o tribunal não nos permitiu realizá-los”.
O caso de Schiavo iniciou uma tormenta de publicidade entre 1998 e 2005. No fim, os tribunais ficaram do lado dos médicos que testificaram que Schiavo estava em persistente estado vegetativo, sem esperança de recuperação — embora os médicos que os Schindlers tivessem trazido para o tribunal dissessem que havia chance de recuperação.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesite.net/ldn/viewonsite.html?articleid=10020403
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Prove que você ama Jesus!

Prove que você ama Jesus!

“Se você ama os homossexuais, aprove as leis que favorecem o comportamento deles”.

Julio Severo
Nos tempos iniciais do Cristianismo, o Império Romano obrigava os cristãos a negar Jesus, sob pena de morte. Mas os fiéis provavam para Jesus seu amor, não o renunciando nem negando. Eles não tinham medo de serem martirizados por amor a Jesus.
Contudo, não pense que a estratégia das trevas não muda. Hoje, enquanto o Estado trabalha avidamente para impor a pena de morte na expressão e testemunho cristão na sociedade, as vozes da moda cobram outro tipo de comportamento dos cristãos.
Diante da questão homossexual, a mídia esquerdista e os grupos homossexuais gritam: “Se você ama Jesus, aprove as leis anti-discriminação” — que sacralizam o homossexualismo, tornando-o imune a críticas. Eles também jogam sobre os cristãos montanhas de sentimento de culpa, dizendo: “Se você não aprovar essas leis, milhares de homossexuais serão assassinados, e Jesus não quer isso. Prove o seu amor cristão!”
Se você não segue as instruções deles sobre o “modo certo de amar Jesus”, você é imediatamente acusado de intolerante. Se você se atrever a dizer que “ama os homossexuais, mas que o homossexualismo é pecado”, aí dirão que você está promovendo ódio e violência.
O que fazer quando a sociedade, ou as forças espirituais que a estão manipulando, usam astutamente as palavras da Bíblia para empurrar os cristão a apoiar a aprovação de leis que eventualmente sacralizarão o pecado e produzirão perseguição e morte para o testemunho cristão na sociedade?
Se você já se sentiu levado a uma situação onde as palavras da Bíblia foram usadas para obrigar você a seguir certa direção, saiba que você não é a primeira vítima desse golpe sujo:
E Satanás disse para Jesus: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo, porque está escrito: ‘Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra’”. (Mateus 4:6)
Respondendo ao diabo que estava manipulando as palavras da Bíblia, Jesus disse: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. (Mateus 4:7)
Jesus respondeu com a Palavra de Deus porque ele a conhecia muito bem.
O diabo distorce qualquer coisa para alcançar seus objetivos. É por isso que certas leis anti-discriminação, que têm a meta oculta de promover o homossexualismo, são estrategicamente intituladas de leis de “proteção à minoria homossexual”. A jogada é simples: enquadrar toda crítica à agenda gay nessas leis como ataque direto à “proteção à minoria homossexual”!
Esse golpe sujo tem o propósito de deixar os cristãos e outros numa desagradável posição defensiva: se você não aprovar essas leis, você é a favor da violência e assassinato de homossexuais.
Vozes estranhas insistentemente cobram dos cristãos:
“Essas leis são apenas para proteger os homossexuais”.
“Se você não aprová-las, você não é cristão”.
“Se você aprová-las, você não ama os homossexuais”.
“Se você não aprová-las, você não ama Jesus!”
Já ouviu essas vozes antes?
E a sagacidade dessas vozes não termina aí. Milhares de políticos socialistas pró-aborto e pró-homossexualismo têm sido eleitos no mundo inteiro por milhões de eleitores cristãos que têm sido enganados pelas propostas fraudulentas do socialismo. Muitos desses cristãos têm a indagação: “Será que é certo eu votar num candidato pró-aborto e pró-homossexualismo?” Mas imediatamente as vozes os tranquilizam: “Não se preocupe com a questão do aborto e homossexualismo. Há coisas mais importantes para se pensar. O importante é que aquele candidato é a favor dos pobres. Jesus não era a favor dos pobres? Se você ama Jesus e os pobres, vote nele”.
O diabo não é a favor nem dos pobres nem da Bíblia, mas ele sempre os manipula quando precisa. Por isso, se você não conhecer suficientemente a Palavra de Deus, o mundo e o próprio diabo vão querer usar as palavras da Bíblia para dizer para você o que você deve fazer para provar seu amor a Deus.
Para responder a esses ataques, você precisará conhecer a Palavra de Deus muito mais do que o mundo e o diabo a conhecem.
Então você não precisará seguir as ordens deles para demonstrar seu amor. Você o demonstrará a Jesus. E o mundo o odiará tanto quanto odiou Aquele que demonstrou amor máximo por todos os seres humanos. Jesus disse:
“E sereis odiados por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Marcos 13:13 ACF)
“Se vocês fossem do mundo, o mundo os amaria por vocês serem dele. Mas eu os escolhi entre as pessoas do mundo, e vocês não são mais dele. Por isso o mundo odeia vocês.” (João 15:19 BLH)
Entretanto, o diabo e o mundo fazem promessas especiais para aqueles que querem evitar ser odiados: ignorar os mandamentos de Deus. Faça a vontade do mundo, e o ódio dele contra você acaba. Aprove leis favoráveis ao homossexualismo, e o mundo e o diabo elogiarão você. O próprio Jesus já não tinha avisado sobre isso há dois mil anos?
“Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.” (Lucas 6:26 ACF)
“Infelizes são vocês quando todos os elogiarem, pois os antepassados dessas pessoas também elogiaram os falsos profetas.” (Lucas 6:26 BLH)
A ordem do Império Romano era:
“Negue Jesus ou morra!”
A ordem moderna é:
“Ame Jesus, mas negue seus mandamentos. Como recompensa, todos elogiarão você”.
O mesmo diabo que perseguiu e matou os primeiros cristãos está dando uma concessão aos cristãos modernos: “Vocês não precisam negar seu amor a Jesus, mas têm de negar os mandamentos de Deus!”
Se você não obedecer, despejarão sobre você ódio infernal e ainda terão a cara-de-pau de difamar você como promotor de ódio e violência. Aqueles que são intolerantes, ameaçadores e violentos contra seu testemunho terão o cinismo de acusar você de intolerante, “homofóbico” e incitador de crimes, e sua liberdade de expressão será sumariamente decapitada.
No entanto, a Verdade prevalecerá, pois o Espírito Santo está ativo convencendo do pecado e da injustiça.
O verdadeiro amor a Jesus sempre anda junto com os mandamentos de Deus. Jesus disse:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (João 14:21 ACF)
Sobre a homossexualidade, o mandamento de Deus é claro:
“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” (Levítico 20:13 ACF)
“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados [homossexuais passivos], nem os sodomitas [homossexuais ativos], nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Coríntios 6:9-10 ACF)
A versão falsificada de “amor a Jesus” do mundo e do diabo vem sem os mandamentos de Deus, sendo de uso exclusivo para induzir, pressionar e enganar as emoções dos cristãos a aprovar leis que não estão de acordo com as leis de Deus.
Portanto, se você quer provar seu amor por Jesus, apenas siga os mandamentos dele — independente do que as versões falsificadas de “amor por Jesus” tentem impor sobre você.
Se você quer provar seu amor por Jesus, diga a verdade aos homossexuais e à sociedade. Diga que eles precisam de Jesus para se salvarem do inferno. E permita que Jesus use você para libertar os homens que estão no cativeiro do pecado homossexual.
Se você ama os homossexuais, deixe-os saber que há uma saída do pecado homossexual, ainda que você tema sofrer um martírio moral dos linchadores anti-“homofobia”.
A demonstração desse amor e da verdade implica em muitos riscos hoje, inclusive acusações maldosas e criminosas de incitação ao ódio, intolerância, violência, discriminação, preconceito, “homofobia”, etc.
Muitos cristãos, querendo evitar problemas, respondem “sim” à voz que diz: “Se você ama Jesus ou se você ama os homossexuais, aprove as leis que favorecem o homossexualismo”. Por seu silêncio para com a verdade que incomoda o mundo e o diabo, eles recebem falsa segurança, conforto e muitos elogios.
Mas os que insistem em falar a verdade sofrem na mira cruel dos semeadores do ódio. E está se aproximando rapidamente o tempo que em que homens e mulheres inocentes poderão ser condenados à prisão simplesmente por dizerem que o “homossexualismo é pecado”.
Diante dos odiadores modernos que usam toda e qualquer difamação e estão prontos para atirar os cristãos à cova dos leões, quem terá coragem de provar seu amor por Jesus seguindo seus mandamentos e falando a verdade?
Versão em inglês deste artigo: Prove you love Jesus!
Fonte: www.juliosevero.com

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Homem preso por pregação pública vence na justiça

Homem preso por pregação pública vence na justiça

HARTFORD, Connecticut, EUA, 19 de janeiro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Autoridades em Hartford, Connecticut, concordaram em instituir uma proibição permanente contra o uso do estatuto de “violação da paz” e um estatuto de “perturbação da ordem pública” que foram usados para algemar e prender um homem que estava pregando em propriedade pública.
Enquanto estava proclamando uma mensagem religiosa na cidade de Hartford, Jesse Morrell foi abordado por um agente policial que lhe disse que ele não poderia usar um microfone sem licença. Morrell concordou em falar sem microfone. Apesar disso, depois que o dono de uma loja se queixou do discurso de Morrell sem o microfone, a polícia o algemou e o levou à cadeia porque ele não queria concordar em cessar completamente a sua pregação.
Em 2006, advogados do Fundo de Defesa Aliança moveram processo contra a prefeitura em favor de Morrell.
Depois que o promotor municipal desistiu das acusações criminais contra Morrell, os advogados do FDA entraram com ação em tribunal federal por violação dos direitos da Primeira Emenda de Morrell. Os advogados do FDA e as autoridades da prefeitura de Hartford concordaram em chegar a um acordo fora dos tribunais.
“Os cristãos não deveriam penalizados por suas convicções”, disse Jon Scruggs, advogado da equipe de litígio do FDA. “A Primeira Emenda protege todos os discursos, inclusive discursos com os quais os outros discordem. As cidades não podem se esconder atrás de um estatuto como meio de silenciar discursos protegidos pela Constituição”.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Caindo sem parar

Caindo sem parar

Olavo de Carvalho
Em editorial do dia 25 último, a Folha de S. Paulo faz as mais prodigiosas acrobacias estatísticas para induzir o leitor a acreditar que a queda do Brasil do 76º para 88º lugar em educação básica, na escala da Unesco, representa um progresso formidável. Não vou nem entrar na discussão. Entre a Unesco, o Ministério da Educação e o jornal do sr. Frias, não sei em quem confio menos. Mas confio nos testes internacionais em que os nossos alunos do curso médio tiram invariavelmente os últimos lugares entre concorrentes de três dezenas de países. Numa dessas ocasiões o então ministro da Educação buscou até consolar-se mediante a alegação sublime de que “poderia ter sido pior”. Claro: se ele próprio fizesse o teste, a banca teria de criar ad hoc um lugar abaixo do último. Seríamos hors concours no sentido descendente do termo.
Confio também na proporção matemática entre o número de profissionais da ciência em cada país e o de seus trabalhos científicos citados em outros trabalhos, tal como aparece no banco de dados da Scimago. Aí vê-se que, em número de citações — medida da sua importância para a ciência mundial —, os cientistas brasileiros vêm caindo de posto com a mesma velocidade com que, forçada pelo CNPq e pela Capes, aumenta de ano para ano a sua produção de trabalhos escritos. Ou seja: quanto mais escrevem, menos utilidade o que escrevem tem para o progresso da ciência.
Em medicina, passamos do 24º lugar, em 1997, para o 36º em 2008. Em bioquímica e genética, no mesmo período, do 19º para o 36º. Em biologia e agricultura, do 18º  para o 32º. Em física e astronomia, do 18º para o 29º. Em matemática, do 13º para o 28º. Não houve um só setor em que nossos cientistas não escrevessem cada vez mais coisas com cada vez menos conteúdo aproveitável para os outros cientistas. Em doses crescentes, o que se entende por ciência no Brasil vai se tornando puro fingimento burocrático, pago com dinheiro público.
Para o professor Hermes, a coisa começou em 2003, mas piorou muito entre 2005 e 2008. Mas de 1999 a 2009 “houve aumento de 133% no número de artigos científicos publicados em revistas especializadas. O investimento do Ministério da Ciência e Tecnologia neste setor duplicou de 2000 a 2007. O investimento privado também aumentou nesse período”. Obviamente, não está faltando dinheiro.
É o CNPq, a Capes e o governo em geral admitirem que há uma diferença substantiva entre fazer ciência e mostrar serviço para impressionar o eleitorado.
Se essa diferença parece obscura ou inexistente para os atuais senhores das verbas científicas no Brasil (e para a mídia que os bajula), fenômeno similar ocorre na educação primária e média, onde o governo dá cada vez menos educação a um número cada vez maior de alunos, democratizando a ignorância como jamais se viu neste mundo.
Coisa parecida também não acontece no ramo editorial, onde a produção crescente de livros para o público de nível universitário acompanha pari passu o decréscimo de QI dos autores que os escrevem? Confio, quanto a esse ponto, na minha memória de leitor.
Entre as décadas de 50 e 70 ainda tínhamos, vivos e em plena efusão criativa, alguns dos mais notáveis escritores e pensadores do mundo: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meirelles, José Geraldo Vieira, Graciliano Ramos, Herberto Sales, Josué Montello, Antonio Olinto, João Guimarães Rosa, Jorge Andrade, Nélson Rodrigues, Vicente Ferreira da Silva, Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale, José Honório Rodrigues, Gilberto Freyre, José Guilherme Merquior — além dos importados Otto Maria Carpeaux, Vilém Flusser, Anatol Rosenfeld e tutti quanti. Que me perdoem as omissões, muitas e volumosas.
O Brasil era um país luminoso, capaz, consciente de si, empenhado em compreender-se e compreender o mundo. Agora temos o quê? Fora os sobreviventes nonagenários e centenários, dos quais não se pode exigir que repitam as glórias do passado, é tudo uma miséria só, a obscuridade turva do pensamento, a paralisia covarde da imaginação e a impotência da linguagem.
“Cultura”, hoje, é rap, funk e camisinhas; “educação” é treinar as crianças para shows de drag queens ou para a invasão de fazendas; “pensamento” é xingar os EUA no Fórum Social Mundial, e “debate nacional” é a mídia competindo com a máquina estatal de propaganda, para ver quem pinta a imagem mais linda do sr. presidente da República. Nesse ambiente, em que poderia consistir a “ciência” senão em imprimir cada vez mais irrelevâncias subsidiadas?
Será possível que todas essas quedas, paralelas no tempo e iguais em velocidade, tenham sido fenômenos autônomos, separados, casuais, sem conexão uns com os outros? Ou compõem solidariamente, como efeitos de um mesmo processo causal geral, o quadro unitário da autodestruição da inteligência nacional?
E será mera coincidência que toda essa corrupção mental sem paralelo no mundo tenha sobrevindo ao Brasil justamente nas décadas em que a intromissão do governo na educação e na cultura cresceu até ao ponto de poder, hoje, assumir abertamente suas intenções dirigistas e controladoras sem que isso cause escândalo e revolta proporcionais ao tamanho do mal?
A resposta às duas perguntas é não, obviamente não. A História não se compõe de curiosas coincidências. A débâcle da vida intelectual no Brasil é um processo geral, unitário, coerente e contínuo há várias décadas, e o fator que unifica as suas manifestações nos diversos campos chama-se intromissão estatal, governo invasivo, controle oficial e transformação da cultura e da educação em instrumentos de propaganda, manipulação e corrupção.
A cultura, a arte, a educação e a ciência no Brasil só se levantarão do presente estado de abjeção quando a máquina governamental que as domina for destruída, quando toda presunção de autoridade dos políticos nessas áreas for abertamente condenada como um tipo de estelionato.
A Segunda Conferência Nacional de Cultura e o Plano Nacional de Direitos Humanos não passam de conspirações criminosas destinadas a agravar esses males, que já deveriam ter sido extirpados há muito tempo.
Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia
Divulgação: www.juliosevero.com

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mais de 130 igrejas foram fechadas na Colômbia desde 2004

Portas Abertas | 09 Dezembro 2009
No fim de março, a Portas Abertas falou com um alto comandante da FARC que reiterou que a ordem de fechar as igrejas e banir todas as reuniões evangélicas das áreas controladas por guerrilhas vem do comitê nacional de liderança do grupo rebelde. 

Uma pesquisa conduzida por Portas Abertas descobriu que por toda Colômbia, igrejas sofrem vários graus de perseguição. Algumas vezes, os templos continuam abertos apesar de os perseguidores tentarem fazer com que os membros fujam.
Nas demais regiões do país, entretanto, perseguição é sinônimo de prédios fechados. As guerrilhas de esquerda e os grupos paramilitares de direita estão por trás do fechamento de 132 igrejas (sem contar igrejas domésticas) na Colômbia desde 2004. Um pequeno número de igrejas foi forçado a fechar por ações de grupos indígenas.

O principal motivo pelos quais os grupos armados forçam as igrejas a fecharem é o fato de não concordarem com as pregações e os ensinos dos pastores e dos líderes. Os guerrilheiros acreditam que os cristãos são contra a doutrina marxista e que os pastores estão tentando estender o "imperialismo estadunidense". A opinião deles é que os pastores levantam dinheiro para construir templos, mas não se preocupam com projetos sociais que ajudem os pobres. Ao contrário dos pastores e dos líderes cristãos, os guerrilheiros acreditam que a solução de todos os problemas se encontra não em Deus, pois eles não acreditam que Ele exista, mas na revolução armada.

No fim de março, a Portas Abertas falou com um alto comandante da FARC que reiterou que a ordem de fechar as igrejas e banir todas as reuniões evangélicas das áreas controladas por guerrilhas vem do comitê nacional de liderança do grupo rebelde. Os líderes têm poder para sentenciar a morte os pastores que desobedecerem as suas ordens.

Os grupos guerrilheiros têm uma hierarquia dentro da organização. Um simples comandante, entretanto, é responsável por colocar em prática a decisão do comitê, seja de permitir que os pastores dirijam cultos ou mesmo se reúnam na casa dos membros de sua igreja. A ironia é que a maioria dos guerrilheiros possui familiares cristãos ou são, eles mesmos, ex-membros de igrejas.

A Portas Abertas entrevistou um comandante que disse que os rebeldes não se metem com as igrejas que obedecem as regras da guerrilha. É extremamente difícil para os cristãos aceitarem esse acordo.

- Nenhuma reunião em casa ou na igreja poderá acontecer sem a permissão do líder da guerrilha.

- Os cristãos não podem pregar contra a revolução armada ou para os guerrilheiros.

- As igrejas não podem recolher ofertas, a não ser quando a guerrilha exija algum tipo de pagamento. As igrejas não podem convidar pregadores de outras localidades.

Um pastor do sul da Colômbia disse que enquanto a igreja prega a paz, os grupos guerrilheiros convocam jovens a pregar a guerra. "É impossível obedecer aos grupos guerrilheiros porque não podemos ir contra os princípios bíblicos".

Tradução: Priscilla Figueiredo

Fonte: Portas Abertas: http://www.portasabertas.org.br

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NUNCA TENTE PERSUADIR O TOLO COM ARGUMENTOS. É INÚTIL!

NUNCA TENTE PERSUADIR O TOLO COM ARGUMENTOS. É INÚTIL!
Tolos. Se você conhece algum, você vai entender perfeitamente a razão pela qual considero o caminho da persuasão lógica e racional um caminho contraproducente no diálogo com eles (se é que é possível tal diálogo!). A razão é bem simples: o tolo é, por natureza, completamente satisfeito consigo mesmo. Ou seja, ele está tão embriagado de si mesmo que a única coisa que ele consegue aceitar, no diálogo com o outro, é ele próprio e suas ideias. Nada mais lhe interessa senão confirmar ou reafirmar suas teses. Ele não consegue olhar para o outro, esforçando-se por compreendê-lo. E essa incapacidade decorre do fato de que ele foi sociológico-psicologicamente sugestionado a acreditar em si mesmo e em suas ideias sem ter que, ao mesmo tempo, refletir criticamente sobre si mesmo e suas ideias. Em outras palavras, o tolo é aquele que foi ensinado por “autoridades inquestionáveis” a absorver inúmeros pressupostos, muitos deles plausíveis e verdadeiros, porém sem questioná-los, sem pensá-los.

Que não se entenda a tolice dos tolos como uma patologia da qual os hábeis intelectuais estão imunes! Dizer que a tolice faz parte apenas da natureza daqueles que não alcançaram o paroxismo da inteligência humana é um erro crasso que apenas os tolos cometem. É indubitável que a tolice não é, por natureza, um defeito intelectual, mas um defeito humano. Por exemplo, existem pessoas que são intelectualmente ligeiras, sacam as coisas com rapidez, mas são tolas (basta lembrar do filósofo alemão Martin Heidegger, que possuía uma notável habilidade lógico-filosófica, mas que, em um determinado momento de sua vida, defendeu os ideais nazistas). Em contrapartida, existem pessoas que são muito lentas quando pensam, mas são tudo menos tolas (Lutero, por exemplo, vivia reclamando pelos cantos da Universidade de Erfurt, na Alemanha, de que ele jamais poderia ser um teólogo de verdade porque se considerava lento demais para o raciocínio lógico; e, diga-se de passagem, muitos seguidores de Philipp Melanchthon concordariam com Lutero!).

Entender que a tolice é um defeito humano é sacar que todas as pessoas são, por natureza, tolas. Portanto, pessoas não se tornam tolas, elas no máximo deixam de ser tolas. E como elas deixam de ser tolas? Dietrich Bonhoeffer, quando estava preso por causa da perseguição nazista, escreveu inúmeras cartas. Numa delas, ele disse que “somente um ato de libertação poderia vencer a tolice; um ato de instrução ou argumentação lógica nada pode fazer para convencer o tolo de sua tolice. Antes de tudo, o tolo precisa de uma libertação interior autêntica, e enquanto isso não ocorre temos de desistir de todas as tentativas de persuadi-lo”.

Essa necessidade de “libertação interior autêntica”, enfatizada por Bonhoeffer, também pode ser encontrada entre os primeiros filósofos gregos. No livro VII da República, Platão mostra Sócrates “ensinando” para o jovem Glauco que para as pessoas conhecerem a verdade elas precisam ser primeiramente libertas. Para isso, o filósofo contou uma história sobre seres humanos que, desde o seu nascimento, estão aprisionados em uma caverna subterrânea. Eles não sabem o que é o mundo fora da caverna. Suas pernas e seu pescoço estão algemados de tal sorte que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas em direção a uma parede. Atrás deles, na entrada da caverna, há um foco de luz que ilumina todo o ambiente. Entre esse foco de luz e os prisioneiros, há uma subida ao longo da qual foi erguido um pequeno muro. Para além desse pequeno muro, encontram-se homens que transportam estátuas que ultrapassam a altura do pequeno muro. Eles carregam estátuas de todos os tipos: de seres humanos, de animais e de toda sorte de objetos. Por causa do foco de luz e da posição que ele ocupava, os prisioneiros são capazes de enxergar, na parede do fundo, as sombras dessas estátuas, mas sem verem as próprias estátuas, nem os homens que as transportam. Como nunca viram outra coisa além das sombras, os prisioneiros pensam que elas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que as sombras não passam de projeções das coisas, nem podem saber que as coisas projetadas são, na verdade, estátuas carregadas por outros seres humanos.


O que aconteceria, pergunta Sócrates a Glauco, se alguém libertasse os prisioneiros? O que faria um prisioneiro liberto daquelas algemas? Sem dúvida, olharia toda a caverna. Ao seu redor, veria os outros prisioneiros, o pequeno muro às suas costas, as estátuas e a entrada da caverna. Seu corpo doeria a cada passo dado. Afinal de contas, ele ficou imóvel durante muitos anos. Não bastassem as dores do corpo, ao se dirigir à entrada da caverna ficaria momentaneamente cego, pois aquele foco de luz que clareava a caverna, na verdade, era o sol. Porém, com o passar do tempo, já acostumado com a claridade, seria capaz de ver não só as estátuas, mas também os homens que as carregavam. Prosseguindo em seu caminho, passaria a enxergar as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não contemplara senão sombras das estátuas projetadas no fundo da caverna.

Na condição de conhecedor desse “novo” mundo, o prisioneiro liberto regressaria ao velho mundo subterrâneo. Ao chegar, ele contaria aos outros prisioneiros, ainda algemados, o que viu. Sua missão seria libertá-los, pois é somente na condição de livre que alguém pode ser capaz de contemplar o mundo das coisas tais como elas são. O que mais poderia acontecer após esse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras, pois o único mundo real é o mundo da caverna. Por isso, tentariam silenciá-lo de todas as formas. No entanto, se ele teimasse em afirmar o que viu e insistisse em convidá-los a sair da caverna, os homens das sombras o matariam. Foi assim que Sócrates concluiu o mito da caverna.

Os tolos são aqueles que tomam as sombras como se fossem as coisas mesmas. O homem-que-deixou-de-ser-tolo, porém, é aquele que não se satisfaz com as imagens projetadas no fundo da caverna, mas impulsionado pelo desejo de contemplar as coisas mesmas, arrebenta os grilhões que o aprisionam. Ao se libertar, dirige-se ao mundo verdadeiro. E quando o mundo verdadeiro se abre para ele, ou seja, no momento em que ocorre a revelação da verdade (alethéia), o homem-que-deixou-de-ser-tolo se compraz apenas em perceber sua própria tolice. Esse é o ponto. O tolo, por natureza, não sabe que é tolo, não tem consciência de sua tolice. Ele toma as sombras como se fossem as coisas mesmas. Por isso, a única maneira de um tolo se livrar de sua tolice é descobrir que ele é tolo. Mas veja, esse é o ponto de partida não o de chegada. Depois da consciência da tolice, é preciso deixar de ser tolo!

Enquanto o tolo não enxerga a sua tolice não adianta argumentar. Não adianta tentar persuadir aquele que está completamente preso em si mesmo. E por que? Porque onde há oprimidos há um opressor. Há um opressor dentro do tolo. Na conversa com ele percebe-se que não é com ele mesmo que se está tratando, mas com chavões, clichês, palavras de ordem, argumentos ad hominem, que operam nele e tomam conta de sua mente. O tolo, como diz Bonhoeffer, “está fascinado, obcecado, foi maltratado e abusado em seu próprio ser. Tendo-se tornado, assim, um instrumento sem vontade própria”.

Enfim, minha ojeriza pela tolice não deveria ser entendida como mero ódio ao tolo, mas, sim, como ódio ao poder que inevitavelmente precisa e se nutre da tolice humana.

“Hey! Teacher! Leave them kids alone!”