terça-feira, 30 de março de 2010

A farsa integral de Ariovaldo Ramos

A farsa integral de Ariovaldo Ramos

“Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”. — Abraham Lincoln
O que dizer de alguém que, dizendo-se cristão, apoiou, defendeu e integrou um governo aliado em escala continental com terroristas e narcotraficantes, fazendo da corrupção, da chantagem e da arapongagem, método de gestão, trabalhando em prol do lobby gay, do aborto, e da ruptura do pouco que restou do legado judaico-cristão no estamento jurídico brasileiro?
E mais: foi até Caracas prostrar-se ante Hugo Chávez, calou-se a respeito das dezenas (tenho a lista) de escândalos lulo-petistas, e não disse um “a” contra estripulias totalitárias como o monstruoso PNDH-3, a Confecom, a Conferência de Segurança Pública, forjadas puramente para que os novos sovietes — as ONGs cooptadas e os tais “movimentos sociais” —, driblem as instituições e acelerem o processo de cubanização do Brasil.
Sim, excetuando a idolátrica visita ao psicopata venezuelano, este é o caso de muitos cristãos do Brasil. Mas agora refiro a um em particular, que usa a teologia para injetar velhos sofismas socialistas na mente de centenas de incautos: meus prezados, cuidado, pois agora estamos lidando com Ariovaldo Ramos.
E aí, já deu uma olhada no Google Images? Não, ele não é irmão do Jorge Aragão, ao menos até onde se sabe. O samba dele, como vocês já vão constatar, é o do comunista doido. Ou não é doido quem, quando encurralado por cristãos anticomunistas diz: “não sou pró aborto, não sou pró gayzismo, seja lá o que isso signifique”, mesmo manifestando-se satisfeito porque “cumprindo a lei, o aborto foi realizado”, no polêmico episódio do estupro da menina de nove anos em Pernambuco, em artigo publicado no site das “comunidades de base” de Minas Gerais?
Vamos a alguns trechos do artigo de Ariovaldo Ramos:
Aqui a questão: quem deve ser protegida, nesse caso, é a menina. Estamos diante do principio estabelecido por Jesus Cristo. Desta feita, o sujeito de direitos é a menina. O sagrado direito à vida por que luta a Igreja Romana e todos nós, agora, tem de ser invocado para proteger a menina aviltada em seu direito à infância e à dignidade. É à menina que está, primariamente, sendo negado o direito à vida.
Lamentavelmente, este é um caso em que não é possível proteger a todos. Choramos pelos inocentes que não puderam vir, mas Deus entende que estamos a resgatar a inocente que já está entre nós.
Perceberam o nível da “argumentação”? Para preservar a vida da menina, mata-se o filho vindouro. Não se cogita a hipótese de dar assistência psicológica à nova gestante, nem preservar o nascituro. Levar em consideração a biologia (pois só engravida que está apta fisicamente para gerar), nem pensar... Importante é que “cumpriu-se a lei”. Se matar um nascituro inocente para que a lei seja cumprida está correto, distorcer as Sagradas Escrituras para endossar o aborto não é nada demais, não é mesmo? E mentir no site dos conservadores, então, o que seria? Ora, os conservadores...
A trajetória burlesca de Ariovaldo Ramos ainda tem outros marcos lamentáveis. Ele foi presidente da Visão Mundial, uma ONG que recebe dinheiro da fina flor da máfia globalista: as bilionárias Rockefeller, Bill & Melinda Gates e Ahmanson Foundation. “Diga-me quem te patrocinas, e te direi quem és”. Bem, essas fundações patrocinam grupos abortistas, gayzistas, feministas, ambientalistas, indigenistas, etc. Fortalecer uma organização como a Visão Mundial, tida como cristã, para essa elite que sonha com um governo mundial, é um prato cheio: “oba, nada melhor do que cooptar cristãos, os que mais podem nos atrapalhar no futuro”. E lá estava Ariovaldo Ramos, peça chave no esquema todo.
A facção terrorista MST também mora no coração de Ariovaldo. Todo orgulhoso, ele conta num artigo que “foi convidado” para os 25 anos do braço armado do PT. Claro, é da turma. Também foi “conselheiro” da fanfarronada chamada “Fome Zero”.
Sem o menor pudor, cita o livro do profeta Amós como se estivesse citando Marighella. Como se uma ideologia com seus três séculos de matanças e mentiras fosse a mais pura expressão dos princípios milenares da fé judaica e da fé cristã. Como se não fosse o próprio Cristo quem tivesse comparado tantas vezes o Reino de Deus como uma vinha e seus lavradores, uma pedra preciosa pela qual um homem vende tudo o que tem para obtê-la, ou às dez virgens, das quais cinco prudentes, que não compartilharam seu óleo com as cinco incautas.
Se depois dessas analogias do próprio Senhor Jesus restar ainda alguma dúvida quanto à legitimidade do livre mercado, da propriedade privada, e das mútuas responsabilidades na relação entre patrões e empregados, na “parábola dos dez talentos” Jesus Cristo esclarece tudo, usando fatos do cotidiano, da vida econômica, para ensinar verdades espirituais mais profundas.
“Então você devia ter confiado seu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros. Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez”. (Mt. 25:27).
Como na época não havia ariovaldos para implicar com o intenso e livre comércio do império romano, logo o cristianismo foi se espalhando. Um pepino a menos.
Já a fé que Ariovaldo Ramos propaga incita a “luta de classes”. Duvida? Dá uma lida:
Eu quero o socialismo dos crentes que, em meio à marcha dos trabalhadores e, diante do impasse do confronto com as forças do estabelecido, grita ao megafone: companheiros, avancemos! Deus está do nosso lado!
Agora me diga qual é o adolescente que, após quatro horas diárias de exposição aos “paulofreirismos” e “vygotskysmos” da doutrinação imposta pelo MEC, não imagina, imediatamente, após ler uma asneira dessas, os tiros, os gritos, as foices, enxadas e picaretas levantadas pela massa que vai adentrando mais uma fazenda e destruindo tudo pelo caminho, em nome da “justiça social” ariováldica?
Este é só um exemplo do que podemos encontrar em seus artigos e pregações. Já tentei dialogar com um discipulinho de Ariovaldo Ramos, membro do EPJ e da tal Rede Fale, patotas para as quais Ariovaldo é ídolo e mentor. A figura chegou a dizer que comércio é pecado, cheio de si. A quem mostrei trechos do “debate”, ouvi conclusões similares: “Ele é doente. E burro demais”. São os frutos cognitivos do socialismo. Nem por isso, Ariovaldo deixa de passar em seu blog o número de sua conta no Bradesco, para receber contribuições.
Amigo de sofistas rasteiros, símbolos do latrinário liberalismo teológico tapuia, como Ed René Kivitz e Caio Fábio, que ele garante que é uma pessoa extraordinária, Ariovaldo Ramos chama toda essa mistura abominável entre comunismo e falácias pseudobíblicas de “Missão Integral”.
Noutro texto, todo bicudo, dando indiretas receoso em citar o MSM, Ariovaldo resmunga:
Estou farto dessa gente que não sabe o que é debate intelectual, que toma tudo como pessoal, porque se vê como a medida para a verdade.
Ah, ele parece saber o que é debate intelectual. A dialética erística Ariovaldo usa sem parar. Já silogismos com um mínimo de rigor... aí é mais difícil. Mas ele quer falar em justiça, e beija Hugo Chávez. Quer falar no valor da vida humana, e defende o aborto. Quer falar em fé cristã, mas defende Lula, anda com Caio Fábio, Ed René Kivitz e toma as dores de Marina Silva, a melancia (verde por fora, vermelha por dentro) da “Bléia”, que chorou ao assistir Avatar, aquela celebração do panteísmo eco-chato.
Antes de falar em “debate intelectual”, Ariovaldo Ramos ainda precisa entender o que é o princípio epistemológico da não-contradição. Principalmente se quiser realmente ser considerado um cristão, que entende e obedece às Sagradas Escrituras.
Fonte: Blog Profeta Urbano

segunda-feira, 29 de março de 2010

Bill Gates quer vacinas para reduzir a população

Bill Gates quer vacinas para reduzir a população

 James Tillman
8 de março de 2010 (Notícias Pró-Família) — Quando o co-fundador da Microsoft e promotor do controle populacional Bill Gates falou recentemente sobre usar vacinas para reduzir a população mundial, ele deu início a uma onda de especulação sobre sua possível insinuação de campanhas disfarçadas de esterilização. De acordo com a Fundação Gates, porém, o multimilionário de fato defende o uso de vacinas para diminuir a mortalidade infantil — algo que ele afirma que realmente diminui o crescimento da população.
Os comentários de Gates ocorreram enquanto ele estava dando um discurso numa conferência de TED (tecnologia, entretenimento e design) sobre como os seres humanos podem reduzir suas emissões de CO2 a fim de reduzir o aquecimento global. “A temperatura só vai parar de subir”, afirmou ele, “quando chegarmos a quase zero [em emissões de carbono].
Pelo fato de que a quantidade de CO2 emitida tem relação com a população humana, Gates mencionou resumidamente meios de reduzir a projetada população mundial, inclusive “serviços de saúde reprodutiva” — aborto e contracepção — bem como vacinas.
“Ora, se realmente fizermos um grande trabalho na criação de novas vacinas, assistência de saúde, serviços de saúde reprodutiva, abaixaremos a população mundial em 10 ou 15 por cento”, disse ele.
Gates é famoso por financiar medidas de controle populacional pró-aborto — mas a referência que Gates fez sobre vacinas imediatamente lançou especulações com relação ao uso de tais drogas para disseminar agentes esterilizantes em grande escala.
Campanhas de vacinação no passado foram encobertamente usadas para esterilizar mulheres. Em 1995, o Supremo Tribunal das Filipinas descobriu que as vacinas usadas numa campanha de vacinação antitetânica do UNICEF continham o B-hCG, que quando dado numa vacina, destrói permanentemente a capacidade de uma mulher sustentar uma gravidez. Aproximadamente três milhões de mulheres já haviam tomado a vacina.
Apesar disso, Gates afirma trabalhar com uma perspectiva aparentemente contraditória de que diminuindo-se a mortalidade infantil também diminui-se o crescimento da população. Em resposta a uma pergunta de LifeSiteNews, a Fundação Gates — observando que Gates havia discursado no evento de TED exclusivamente a título pessoal — apontou para o fato de que Gates disse em sua Carta Anual de 2009 que um “fato surpreendente, mas crítico, é que reduzir o número de mortes [infantis] realmente reduz o crescimento populacional”.
Ele continuou, explicando que a teoria de que pais terão mais filhos quando a mortalidade infantil é elevada, a fim de garantir que vários filhos sobrevivam para cuidar deles quando envelhecerem.
“Se melhorarmos o sistema de saúde numa sociedade… de forma surpreendente, o crescimento populacional cai”, Gates disse para a CNN em 2008. “E é por isso que os pais precisam ter alguns filhos para sobreviver na vida adulta para cuidar deles quando ficarem velhos”.
“E assim, se eles pensam que ter filhos é o que eles precisam fazer para ter pelo menos dois para sobreviver, é isso o que eles farão. E o que é estupendo é que no mundo inteiro, à medida que o sistema de saúde melhora, então o crescimento populacional é realmente reduzido”.
A Fundação Bill e Melinda Gates recentemente se comprometeu a doar dez bilhões de dólares para vacinar crianças no mundo inteiro.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/ldn/2010/mar/10030810.html
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terça-feira, 9 de março de 2010

Afinal, o que a Revista Cristianismo Hoje pensa do conservadorismo cristão?

Afinal, o que a Revista Cristianismo Hoje pensa do conservadorismo cristão?

Antigos aliados de Caio Fábio na publicação transformaram entrevista em “roda de escarnecedores”, debochando da defesa do casamento e da luta cristã contra o avanço da ideologia homossexual

Paulo Semblano
Assim a Revista Cristianismo Hoje apresentou a entrevista feita com Julio Severo:
Diferentemente de outros cristãos, que fazem da própria trajetória a motivação para sua militância, Severo, de 43 anos, garante que nunca teve qualquer envolvimento com a homossexualidade — é casado e pai de três filhos — e se diz um ativista pró-família, chamado para salvar o Brasil de uma “ditadura homossexual”. Segundo o próprio, a atividade tem lhe causado muitas dores de cabeça: “Sou alvo de todo tipo de ataque. Ameaças, xingamentos”.
No meu parecer aqui já começa o cinismo da revista, inclusive para com muitas outras pessoas, ao afirmar que um combate bíblico a toda espécie de mal é fruto de uma vida anterior com esses mesmos pecados. Insinua hipocritamente e sorrateiramente uma atividade homossexual de quem denuncia essa abominação. Ao colocar entre aspas as palavras “ditadura homossexual” demonstra ignorância quanto a tal fato já comprovado várias vezes, ou algum tipo de conivência com a causa homossexual.
Declaração de Cristianismo Hoje: Severo é daqueles crentes quixotescos, disposto a lutar contra moinhos que talvez só ele consiga enxergar.
Dom Quixote é o personagem de um romance de autoria de Miguel de Cervantes, escritor espanhol. É uma paródia aos romances de cavalaria da época, e conta a vida de um homem que perdeu o juízo e torna-se um cavaleiro andante. Lutava contra moinhos pensando serem dragões ou gigantes.
A revista afirma sua posição de que os cristãos de todas as épocas são pessoas sem juízo e que vivem num mundo imaginário e são loucos varridos, e que enxergam mal onde não há: nesse caso específico, o homossexualismo e sua ditadura (ou seja, uma verdadeira apologia ao homossexualismo). Assim também pensava e pensa o mundo acerca de Jesus Cristo, dos apóstolos e dos salvos:
“A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?” (João 7:20 ACF)
“Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais”. (João 8:48-49 ACF)
“E, dizendo ele isto em sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar”. (Atos 26:24 ACF)
“Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”. (1 Coríntios 1:21 ACF)
“Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens”. (1 Coríntios 4:9 ACF)
“Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados”. (Hebreus 10:33 ACF)
“Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus”. (João 16:2 ACF)
Declaração de Cristianismo Hoje: O tom histriônico dá ao perfil de Julio Severo um contorno incendiário que ele faz questão de alimentar, e não apenas quando fala da homossexualidade. Ele defende, por exemplo, o direito de os pais crentes educarem seus filhos em casa (prática proibida pela legislação brasileira) como forma de mantê-los a salvo de supostas influências perniciosas da escola. Além disso, diz que o casamento é a solução contra a promiscuidade sexual entre os jovens evangélicos. “Querem sexo? Então, que se casem”, prega Severo, para quem as famílias não deveriam estimular seus filhos a postergar o matrimônio em busca de qualificação educacional e profissional, e sim, fazer justamente o contrário.
Histriônico: adj (histrião+ico) 1 Próprio de histrião. Relativo a histrião.
Histrião: s.m. Ator que representava nas farsas da antiguidade.
Bobo, bufão, saltimbanco, palhaço.
Fig. Homem vil, que se expõe em público de modo grosseiro e ridículo.
Chamar de bufão, palhaço e farsante quem é contra o homossexualismo, quem defende o casamento bíblico e abomina a promiscuidade sexual entre os jovens, quem instrui os pais a educar seus filhos para que se casem conforme a Palavra de Deus e evitem a fornicação, demonstra apoiar tais atitudes. E isso vindo de uma revista que se diz evangélica e cristã! A Bíblia chama os que defendem essas abominações de homens escarnecedores, que fizeram aliança com a morte e acordo com o inferno.
Declaração de Cristianismo Hoje: É provável que poucos crentes concordem com ele, mas Severo avisa: “Quando meu livro foi publicado, muitos o acharam exagerado. Quem leu, hoje me chama de profeta.”
Nisso a revista se engana redondamente. A publicação demonstra estar apoiando o que até entre os gentios é abominação.
Outros artigos refutando a revista debochadora:
Confissão espontânea

sexta-feira, 5 de março de 2010

Paganismo feminista na Revista Ultimato?

Carta enviada à Revista Ultimato em referência ao texto “Deus — Pai ou Mãe?”

Franklin Ferreira
Conquanto a revista Ultimato tenha um lugar de importância entre os periódicos evangélicos publicados no Brasil, alguns de seus autores têm difundido repetidas vezes opiniões que vão além do que nos é revelado nas Escrituras e em oposição à tradição evangélica. Em sua edição 318, de maio-junho de 2009, esta revista publicou o texto “Deus — Pai ou Mãe?”, escrito por Bráulia Ribeiro, missionária em Porto Velho, RO, e presidente da JOCUM (Jovens com Uma Missão). Em 9 de junho de 2009 escrevi uma carta para a revista sobre este texto. Somente em 26 de agosto de 2009 recebi um tipo de resposta-padrão da editora: “Recebemos seu comentário, ele é sempre bem-vindo. Por uma questão de espaço nem toda correspondência que recebemos é publicada. Suas críticas, sugestões e/ou observações serão encaminhadas ao diretor-redator e articulistas para que eles tomem conhecimento”.
Abaixo, posto minha correspondência para a revista, ligeiramente revisada e editada.

Prezados irmãos,            
Preciso confessar que já há algum tempo ando desencantado com a revista Ultimato. Quando servi como membro da equipe pastoral da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, entre 2000-2007, minha esposa cuidou da livraria daquela comunidade. Fazíamos questão de promover a revista Ultimato, inclusive por meio de assinaturas, mesmo discordando de um ou outro texto — especialmente os de Ricardo Gondim e, algumas vezes, os de Robinson Cavalcanti e Paul Freston. Aliás, antes disso até, minha esposa já divulgava a Ultimato através de uma assinatura coletiva que mantinha com seus colegas de trabalho.
Hoje sirvo na equipe pastoral de uma igreja batista em São Paulo, e não tenho mais como indicar a revista como referência para os membros destas igrejas. O último escrito da Bráulia é um exemplo do que quero dizer. O texto intitulado “Deus — Pai ou Mãe?” é generalista, grosseiro e pagão.
Por exemplo, ela escreve a partir de sua experiência pessoal: “Minha experiência não é diferente do que é vivenciado pela maioria da população brasileira e do mundo. Mãe pra nós é igual amor caloroso, quente, cheiroso, vivo. Pai já é mais complicado. Pra muitos, infelizmente, pai significa abuso, violência, abandono, dor”. Bom, me permita compartilhar minha experiência. Eu sou pai de uma filha; ela tem oito anos. Não só a compreensão que tenho do que a Bíblia ensina sobre Deus o Pai, mas o que ela ensina sobre a paternidade me ajuda a agir para ser um pai de verdade para ela; duvido que a minha filha (inteligente e perceptiva que só) concorde com o que a Bráulia escreveu. E minha experiência como filho de igual forma não me permite concordar. Aliás, preciso notar que a autora consegue saltar de sua experiência pessoal para uma generalização infundada. Se ela supõe falar em nome de “muitos”, ela tem que provar seu argumento. Ela precisa mostrar quem são a “maioria da população brasileira e do mundo” que concorda com ela. Ou, se não, que ela restrinja-se a falar somente a partir de sua experiência pessoal, e pare de se esconder atrás de supostos “muitos”. Por outro lado, muito irônica a reportagem do Fantástico no domingo retrasado (24 de maio de 2009); uma mãe oferecendo sua filha para um “programa sexual” por... quatro garrafas de cerveja. E, depois, querendo vender sua filha por míseros R$ 500,00. Puxa! Isto é que é “amor caloroso, quente, cheiroso, vivo”! Segundo o Jornal Nacional, essa mãe foi presa na terça-feira passada (2 de junho de 2009). Mas esse é apenas um dos milhares de exemplos negativos em nosso país, em que há fartos exemplos de mães abandonando seus filhos ainda recém-nascidos. Menos generalidades superficiais, por favor. Em vez de fazer uma caricatura da paternidade, contrapondo-a superficialmente à suposta “perfeição” da maternidade (como se o pecado não desfigurasse igualmente maternidade e paternidade), ela faria muito melhor se mostrasse o que vem a ser a verdadeira paternidade e maternidade à luz da Bíblia. Não será ridicularizando ou rebaixando a paternidade que ela ajudará os homens a serem homens de verdade e verdadeiros maridos e pais.
Mais adiante, Bráulia escreveu: “Na América Latina, o continente onde o pai veio de longe e ao nos estuprar nos concebeu bastardos, vivemos no vazio da imagem masculina do amor. O pai se foi, e dói em nossa alma órfã”. Presumo que ela fale aí dos estrangeiros que vieram prá cá, para povoar e trabalhar nesta terra, em meio a grande sacrifício, fugindo da fome e da guerra no Velho Mundo e no Japão. Como muitos brasileiros, meu pai era português. O único membro da família que se converteu ao evangelho. Literalmente, morreu de tanto trabalhar (e ainda estudava num seminário teológico à noite, pois almejava servir no ministério pastoral) para dar uma vida digna para sua família. Exemplo de retidão e paixão pelo evangelho. Mais uma vez, Bráulia só pode falar por ela. Generalizações são toscas.
No fim, o pior. Ela terminou o texto orando com um ímpeto típico daqueles influenciados pela teologia feminista: “Pai-Mãe nosso celestial, acima do gênero e falhos modelos humanos, tenha piedade de nós, nos ajude a conhecer o verdadeiro amor...” Tomo a liberdade de citar, abaixo, o que escrevi com meu colega Alan Myatt na Teologia Sistemática que Edições Vida Nova publicou em 2007 (páginas 248-249). Respondemos ao uso indevido de imagens femininas para caracterizar Deus — prática bastante comum entre os pagãos do Antigo Testamento, que atribuíam sexualidade à divindade, como Baal e Astarote. Ao ir além da linguagem bíblica inspirada, que, no que se refere a Deus, é analógica — como ensinou João Calvino há muito tempo atrás, é a linguagem da acomodação da misericórdia divina —, Bráulia se colocou ao lado dos que abraçaram a teologia liberal e das feministas pagãs de nossa era. Se ela não se limitar agora à linguagem bíblica, não será um suposto “bom senso” que irá impedi-la de, em pouco tempo, tratar a deidade por... “Deus/a” ou, pior, “deusa”.
Lamento muito que a Ultimato promova este tipo de texto em suas páginas. Como disse, não foi o primeiro texto publicado na revista a gerar forte desconforto em mim. Por isto, reitero: por amor aos membros da igreja em que sirvo, não posso mais promover de boa fé a revista entre eles. Textos como este, longe de edificar, semeiam a contenda, a confusão e, no fim, uma representação pagã do Deus da Bíblia — majestoso, transcendente, cheio de glória, e que oferece o seu único Filho, em quem ele tem todo o prazer, para morrer por pecadores. Não preciso ir além da linguagem da Bíblia para, diante da revelação e beleza do evangelho, afirmar com as Escrituras que Deus Pai é amor, e sabemos disto, pois ele ofereceu seu único Filho como propiciação pelos nossos pecados, e este amor experimentamos em toda a sua exuberância por o Espírito Santo ter sido derramado sobre nós.
Ao responder às feministas, notamos que tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento usam o gênero masculino quando se referem a Deus. Uma dessas analogias é a analogia paterna.(1) Isto seria um indício de que Deus é do gênero masculino? Alister McGrath escreve:
Falar em Deus como pai é dizer que o papel do pai no antigo Israel permite compreendermos melhor a natureza de Deus. Isso não significa dizer que Deus seja do gênero masculino. Nem a sexualidade masculina, nem a sexualidade feminina devem ser atribuídas a Deus. Pois a sexualidade é um atributo que pertence à ordem da criação, sendo inadmissível aceitar uma correspondência direta entre esse tipo de polaridade (homem/mulher), conforme se observa na criação, e o Deus criador.
Na verdade, o Antigo Testamento evita atribuir funções sexuais a Deus, devido à ocorrência de fortes traços pagãos nesses tipos de associações. Os cultos à fertilidade dos cananeus davam ênfase às funções sexuais tanto dos deuses quanto das deusas; portanto, o Antigo Testamento recusa-se a endossar a idéia de que o gênero ou a sexualidade de Deus seja uma questão importante.
Então, para McGrath, qualquer tentativa de atribuir sexualidade a Deus representa uma volta ao paganismo. Ele continua: “Não há a menor necessidade de trazer de volta as idéias pagãs dos deuses e deusas para resgatar a noção de que Deus não é nem masculino nem feminino; essas idéias já estão potencialmente presentes, se não forem negligenciadas, na teologia cristã”.(2)
Na verdade, existem imagens maternais de Deus na Escritura. Deus é revelado como uma mãe pássaro (Rt 2.12; Sl 17.8; Mt. 23.37), uma mãe ursa que luta para proteger seus ursinhos (Os 13.8) e como uma mãe que consola seus filhos (Is 66.13). A presença de imagens paternais e maternais é evidência que apóia a conclusão de McGrath. Deus transcende as categorias do gênero humano. Não obstante, em lugar nenhum a Bíblia chama Deus de “mãe”. Portanto o título “mãe” não deve ser próprio para se falar da pessoa de Deus. Podemos reconhecer a plenitude da riqueza das imagens bíblicas de Deus, sem ir além da linguagem que a própria Bíblia emprega ao descrevê-lo.
1 — Cf. o capítulo 2, onde analisamos a natureza analógica da linguagem teológica.
2 — Teologia sistemática, histórica e filosófica, p. 315-316. Vale a pena ler toda a argumentação de McGrath nesta obra, com especial atenção para a citação final, da mística medieval Juliana de Norwich.
Fonte: Blog Fiel
Divulgação: www.juliosevero.com